SOBRE
Luz de campo e cidade
poste e candeeiro
o LED me alumia
a lua me tem inteiro
Pescador de encruzilhada
Epejá mirando a batalha
Realeza do rio das Lagoinhas
Caminho de urbis, casa de taipa
Cancela aberta escondida da sauna
Menino de roça que roça no pinto
Fluidos de corpos sem ter o conflito
Aproveito o dia em português
Num lugar ameno, verso em brasileiro
Não corto o inútil, vestígios do sangue burguês
A fuga da cidade com um neo-pastor
não está nos sonhos do ator, do escritor, da dor
Não está no peito uma fingida poesia
Só a minha verdade me alumia
Tenho alma escondida
E uma carne bandida
FOTO:Caio Lírio

Daniel Arcades é escritor, ator, dramaturgo e diretor, nascido em Alagoinhas, interior da Bahia. Formado em Letras pela Universidade do Estado da Bahia e Mestre em Crítica Cultural pela mesma Universidade, é sócio fundador da DAN – Território de Criação, coordenador de roteiro da Tem Dendê Produções e trabalha constantemente com diversos coletivos artísticos e artistas da Bahia. Tem na carreira dois prêmios Braskem de Teatro, de melhor autor pelo espetáculo Rebola (2017) e de melhor espetáculo por “NAU” (2022). Arcades é roteirista de dois curtas metragens: “Ainda te amo” (2016) e “As balas que não dei ao meu filho” (2018), que ganhou o prêmio Elo Company de distribuição no Panorama Coisa de Cinema 2018. Recentemente, trabalhou como um dos roteiristas do filme “Ó paí, ó 2”, e lançou seu primeiro livro “Trilogia da Chacina”. Atualmente, escreveu a nova montagem do Bando de Teatro Olodum, "A resistência cabocla" e circula com seu novo solo "Árcade - versos para olhar o tempo", com direção de Thiago Romero.