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  • Daniel Arcades

Espetáculos do interior ganham destaque no Prêmio Braskem

Em cerimônia presencial, 28ª edição do evento aconteceu no Teatro Castro Alves na noite desta quarta-feira (18)




Antes do início da premiação, Ninha Almeida misturava nervosismo com euforia por ser uma das indicadas a revelação da arte cênica baiana no 28º Prêmio Braskem de Teatro, que foi celebrado na noite desta quarta (18), no Teatro Castro Alves e homenageou o dramaturgo baiano Dias Gomes, que completaria 100 anos em 2022.

Um dos grandes destaques desta edição foi a possibilidade de produções do interior de Bahia concorrerem em todas as categorias, abrindo um leque. É aquela coisa de olhar o copo meio cheio: não foi possível ter o público nos teatros por conta da Pandemia, mas a avaliação virtual abriu novos horizontes e revelou novos artistas. Como é o caso de Ninha, que vem do Vale do Capão e foi premiada pela atuação em O Salto.

O interior da Bahia levou três das nove premiações do PBT. Além de Ninha, a performance De Como Me Tornei Invisível para Caber no meu Espírito, de Padmateo, de Jequié; e o espetáculo infantojuvenil Barcarola Encantada, de Rio de Contas, fizeram o interior alcançar o feito inédito. A Região Metropolitana de Salvador (RMS) ainda faturou o prêmio da Categoria Especial, com Eliete Teles e Rubenval Meneses pela construção dos bonecos em Metamorfose. Os outros 5 prêmios foram de produções realizadas em Salvador, sendo que o musical NAU , dirigido por Daniel Arcades e Thiago Romero.

"Estou super feliz de estar representando o interior da Bahia, com esse olhar tão bacana para o teatro baiano. Precisamos dessas oportunidades para reaviver toda a arte pulsante do interior da Bahia, nossas histórias, nossas vivências. No interior, na área rural, é onde o teatro pulsa", disse Ninha Almeida.

Primeira premiada da noite, Padmateo fez um discurso provocativo ao receber a estatueta de melhor Performance - categoria que estreou no prêmio. Ela fez questão de mandar um recado para a classe artística de Salvador, pedindo respeito e espaço pelas produções oriundas do interior da Bahia.

A comissão julgadora foi formada pelo dramaturgo, roteirista, ator e apresentador de TV Aldri Anunciação; pela pós-doutora em artes cênicas e professora da Escola de Teatro da UFBA, Alexandra Dumas; pelo ator, autor, diretor e professor Fabio Vidal; pelo o artista, pesquisador e curador Felipe Assis e peça produtora e gestora cultural Virginia Da Rin.

Eles analisaram 80 espetáculos adultos, 22 infantojuvenis e 25 performances inéditas, produzidos entre janeiro de 2020 e dezembro de 2021 e tiveram exibição on-line. Com a avaliação das peças remotamente, as fronteiras geográficas foram dissolvidas, permitindo que espetáculos de todo o estado fossem considerados e indicados em qualquer categoria.

Diretora de marketing e comunicação da Braskem, Ana Laura Sivieri comemorou a realização do Prêmio de maneira presencial. "A gente se orgulha muito de estar presente com o prêmio há 28 anos. Infelizmente, nos dois últimos anos não tivemos a premiação presencial e no ano passado não tinha um número suficiente de obras para realizar. Agora voltamos com a possibilidade de celebrar a classe artística baiana, que mais uma vez se reinventou. Hoje é um grande dia, de reconhecimento, e com o sabor de comemorar os 100 anos de Dias Gomes", afirmou.

A noite foi marcada por discursos fortes, sejam a partir de realizações pessoais ou mesmo coletivas. Melhor atriz, premiada pela atuação em Gota D'água, Evana Jeyssan lembrou da avó e da irmã, que morreram durante a pandemia. Ela comentou o quanto foi preciso contar com a força de amigos e pessoas próximas para seguir em frente.

"É muito difícil nascer com a pele em que a gente já sai perdendo. Mas eu resisti. Hoje sei que consegui porque sou uma mulher preta. Fiz esse espetáculo pensando em minha avó e minha irmã. Cada sacrifício, luta e dor delas e fiz valer a pena neste processo", afirmou.

Alfredo Dias Gomes

Alfredo Dias Gomes era um menino levado, que filava aulas na escola para jogar bola com os amigos. Soteropolitano de família cachoeirense, ouvia por diversas vezes de sua mãe que era um caso perdido e deveria se inspirar em seu irmão, um homem culto, médico, que falava diversas línguas e de quebra assumiu a responsabilidade de ser o pai que não teve. O pai de Dias Gomes morreu quando ele tinha 3 anos de vida. O irmão também se foi cedo, aos 30.

O fato é que o menino levado era talentoso. Tinha jeito para escrever. Ele mesmo relatou tudo isso em vídeos que foram exibidos entre as premiações e as pílulas do espetáculo que aconteceram no Teatro Castro Alves. O PBT deste ano homenageou o centenário dele que é um dos maiores dramaturgos da Bahia. A cerimônia, inclusive, aconteceu no dia em que sua morte completou 23 anos.

Diretor da cerimônia, Gil Vicente Tavares apresentou um espetáculo que alternou a premiação, com vídeos com o próprio Dias Gomes contando trechos de sua história e com performances que trouxeram debates levantados por ele em suas obras: da dúvida sobre a existência de Deus à culpa católica, até uma crítica ao regime militar que foi instalado no Brasil a partir de 1964.


Confira quem faturou o Prêmio Braskem de Teatro 2021

Espetáculo Adulto - NAU

Espetáculo Infantojuvenil - Barcarola Encantada

Texto - Caio Rodrigo, Daniel Farias e Ian Fraser, pelo texto de Ensaio para uma Redenção

Ator - Vagner Jesus, pela atuação de Manual Como Conter uma Raça Poderosa

Direção - Luiz Antônio Sena Jr, pela direção de Para-iso

Atriz - Evana Jeyssan, pela atuação em Gota D'água

Categoria Especial - Eliete Teles e Rubenval Meneses pela construção dos bonecos em Metamorfose

Revelação - Ninha Almeida, pela atuação em O Salto

Performance - De como me tornei Invisível para Caber no meu Espírito




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